Quando a Música Fala por Nós
Quero dividir algo que levo comigo:
eu amo música.
Já pensei, um dia, que o meu gosto era o melhor,
como se houvesse hierarquia
entre melodias e ritmos.
Pura ignorância.
Não há música "melhor".
Há maneiras de vivê-la, senti-la,
deixar-se atravessar por ela.
Há beleza até no tom desafinado,
pois ali mora o esforço, a coragem
de criar algo para alguém.
Música é partilha, um convite aberto,
uma mesa posta onde todos podem chegar.
Mas também é refúgio,
um momento íntimo, introspectivo,
que só cabe a quem ouve e sente.
É a trilha sonora da vida,
vestindo cada instante com emoção.
Aprendi, na juventude,
que havia música "superior" e música "inferior".
Mas quão arrogante é medir arte
como se fosse uma equação de valor.
Quem se sente maior por ouvir o que julga complexo ou erudito
talvez esteja perdido no próprio ego,
vivendo na sombra da ignorância.
Música transforma.
Ela conta histórias, inspira, alegra,
intriga, emociona, relaxa.
Música agita, conecta, separa,
reúne em festa ou em silêncio.
O que a música não é capaz de fazer,
eu ainda não sei.
Talvez seja ela a arma mais poderosa da revolução,
ou apenas um alento,
um abraço sonoro que nos aproxima
do autor, do intérprete, e até de nós mesmos.
Às vezes, o que precisamos
é só de uma música,
uma que diga por nós
o que as palavras não conseguem.