Você conhece o Tal?

Você conhece o Tal?

Que Tal? Fulano de Tal

Fulano de Tal? Quem é esse?

O Tal é um negro alto de bigode

Escreve escreve escreve

Escreve o quê? O que você quiser

Xente não tou entendendo nada

Fulano não é Sicrano nem Beltrano

É Fulano É o quê? Fulano

Fulano de Tal e escreve tanta coisa

Tem uma voz postada muitos sonidos

Na garganta não pode gritar contra as

Injustiças fica com raiva e vai e escreve

Como assim escreve? Escreve escreve

Com amor? Com o quê? Com amor

Com amor? O que é isso? Pega uns goles

De rapadura quente pelando no tacho e

Dá melaço e então é escrita de doçura

E do que mais esse Fulano gosta?

Uma garrafa de café quentinho um cigarro

Agora acho não fuma mais mas fumava

Fica a noite toda lá lendo dicionário dicionários

Recortes de papel jornais velhos classificados

Por assuntos e pensando em personagens e

Andanças e histórias e enganos engodos

Canções e contação de navio velho no

Cais da Calçada em São Salvador da Bahia

De Todos os Santos Já sei esse Fulano é baiano

É nada É nada? É pernambucano Oxente

Que embolação Pois pernambucano de Guarulhos

Cumbica Cumbica? Quanto avião! Ele conta quantos

Aviões chegam e de empresa são só ouvir os barulhos

E ele aperta o dedo para contar enquanto fica deitado

Na cama com a mãezinha dele centenária ouvindo os

Casos dela Deu estudo a todos os filhos a mãezinha

Pernambucana preta velha já fez tanto feijão gostoso

Você agora fala da mãe do Tal e há a esposa do Tal

A esposa lá no Oiapoque no Amapá Onde? Quase na

Guiana Francesa Xente mas o homem tá em Salvador

Recife Guarulhos no Butantã lendo dicionário e agora

Tá no Oiapoque O Tal tá em todo lugar desses Brasis

E não é preto? E tem Ébano sabe dia hora mês ano

Nasceu seu filho alto bonito e neto de sua mãe

O Tal conta cada caso! É mesmo? Vai ouvir ele

Contar as pegadas dos ladinos Ouvir? Ouvir não

Menino, me atrapalhei ler ler ler os livros do Tal

Tem até umas coisas de cristais Nego metido esse Tal

Tem muito dos pensamentos palavras difíceis tá todas

Lá nos dicionários dos Portugais dos fidalgos

Quer conhecer o Tal? Quero é por demais interessante

Vai no Oiapoque tomar banho de rio mares de tantas águas

E verde verde indígenas e silêncios e letras palavras livros.

(Homenagem muito merecida a meu amigo tecedor de livros escritor Fulano de Tal, que por felicidade da minha parte encontrei nas andanças do conhecimento e ainda me ensina a escrever, embora eu teime em não aprender, mas não é culpa dele de Luís Fulano de Tal)

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 26 de outubro de 2024

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 26/10/2024
Código do texto: T8182264
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