Logo na primavera

As flores teimam em cair

É primavera

E o vento

As árvores

As plantas

As flores colorem o caminho

Embelezam o chão

Dão espetáculo aos olhos

E eu admiro as flores caídas

Belas, as cores na natureza

O vento levanta a poeira

A poeira cai nas flores

E eu me lembro

A poeira também

Agora é Renato Russo

"És pó e ao pó tornarás"

Até na morte é poético

É autêntico

Valeu Renato

Você foi, logo na primavera

E quis ficar nas flores

Continua colorindo

Seu pó agora é música viva

Todo meu respeito

A esta poeira

Que foi e é

A coragem de ser

De falar

Parabéns, cara

O túmulo não lhe conteve

Continua cantando:

"Não sou escravo de ninguém"

Está livre no vento

Na poeira

No sopro

Nas flores

Sua é a música

Ficou a voz

Restou seu protesto

Sua coragem de ser

Você assumiu o que não temos coragem

"É o ouro em seu brasão"

Ainda a luta

Continua entre nós

Na sua passagem

O seu grito

É o nosso grito

O grito do desejo de autenticidade

A vontade de sermos nós

Como você foi você

O seu sonho

É eterno

Sua vida

É uma das mais bonitas

Sua morte continua na beleza.

"E a nossa história

Não ficará pelo avesso assim

Sem final feliz

Teremos coisas bonitas

Prá contar...

Temos muito ainda por fazer..."

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 1997

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 16/09/2024
Reeditado em 16/09/2024
Código do texto: T8152624
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.