André – Pequeno Grande Homem

André – Pequeno Grande Homem

Minha querida mamãe me faz um cafuné, à sombra desse pacolé.

Pai me leva para pescar perto do aguapé; vamos de canoa, sem galé.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Grande é a esperança, grande é minha fé, rezarei na capela como na Sé.

Queria tocar oboé, músico tal o vovô, no pistom, o Pelé.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Adoro uma sala com macramé, papai sabe fazer um bom fricassé.

Sob a sombra do ipé, sonho conhecer a catarinense Ibicaré.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Vou chamar minha gata para dar um rolé; quando jovem vai chover mulher.

O Mamona foi como o Sumé, um ensinou a sorrir o outro a arar ao leguelhé.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Alguns me acham parecido com um baré; tá correto, não sou como um xexé.

Meus pais e meus avós não cheiram rapé, isso é coisa do índio Aimoré.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Quero paz e força de um abaré, crescer e no domingo ouvir olé.

Uns, tudo bem, são viciados em café; mas em drogas, cairão no Itambé.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Não importa a estação, ponho o boné; mamãe me diz: não temos filé!

Se há piranha, de costas vai o jacaré, só vendo acredito, tal Tomé.

Quando crescer eu quero uma muié, pra poder me caçar como o pinhé!

Aroldo Arão de Medeiros

1999

AROLDO A MEDEIROS
Enviado por AROLDO A MEDEIROS em 20/07/2024
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