Nunca me foi problema ser quem você é

Gosto da forma que me toca,

Sozinhos ou acompanhados,

Nunca foi problema seu sorriso,

Nunca foi problema seu brinco de cigarro.

Nem que a mamãe nunca viveu por ela mesma,

Nem quando conserto seu cabelo na testa,

Tampouco as vezes que esteve em outros ombros,

Ou que quase me achou em escombros.

É ele, e tá tudo bem,

Não é problema pra mim, nem será pra ninguém,

Nem como me machuca carinhosamente,

A unha ou o dente, não mente.

Ainda seguraria sua mão,

Para chorar sob o pôr do sol,

Ou estarmos na praia em meio a escuridão,

Ou cantarmos em uma balada em espanhol.

Nem é problema admirar perfumes doces,

Nem tirar os espinhos de flores,

Poderíamos chorar em uma praça,

Poderíamos fazer a dança do Gragas.

E tá tudo bem ser simplista,

Ou ir contra movimento negacionista,

Que eu continue ou não violinista,

Que a gente só se veja na pista.

Na verdade, nunca me importei,

Pois nos teus olhos me distrairei,

Não para julgamento,

Mas para manter nosso papo ciumento.

Acharia respirações em sua boca,

E perdê-las-ia em tua jugular,

Ou a gente rindo de uma fofoca,

Ou nossos corpos ao luar.

Estaríamos nós julgando atrizes,

Tocando nossos narizes,

E quando estivesse fumando,

Seria fumante passivo ou estaria te esperando.

Aqueceria sua mão com minha própria,

Porventura ela rasgaria as minhas costas,

Se não importar de estar com esta escória,

Seria uma boa história.

Acabaríamos com nossos estorvos,

Enquanto olhávamos para ambos os olhos,

Ligaria ventiladores,

Afastaríamos todas as dores.

Apagaria as luzes se deixasse-as acesas,

Durante um filme, juntaríamos cabeças,

Não há vidro quebrado,

Nem é um tapa-buraco.

Espero a própria festa ou comemoração,

Aqui ou onde deixaria meu coração,

Assumiria o teu pranto,

Te colocaria sob o meu manto.

O tempo vem sendo cruel,

Movendo como um carrossel,

Você tirou o significado aquele papel,

E diz que gosta do frio do anel.

Como um bom suporte,

Esperaria meu atirador,

Nem que me cause a morte,

Você tiraria a dor.

E lá estaríamos, rindo em um bar,

Cambaleando pela praça do Jatobá,

Procurando um lanche na madrugada,

Se enrolando numa coberta avermelhada.

Se para ti forem só palavras,

Não retiraria nenhuma sequer,

São verdadeiras quando disse elas,

Não me arrependo, nem há o que temer.

Se suas mãos estão cortadas,

Lhe ajudarei a pegar os cacos do chão,

Pois elas são muito acaloradas,

Em maioria venceremos a solidão.

Querido, não se assuste,

Não quero que esse sentimento mude,

Mas enquanto perdurar,

Em nós mesmos vamos viajar.

Me diga amado,

Se em qualquer hora estou errado,

De adorar estar do seu lado,

De mantermos o abraço.

E cá estaria, amigo ou como queira,

Sentado na calçada ou numa cadeira,

Embriagado, sóbrio, alegre e sorrindo,

Se é comigo ou com outro que está indo.

Gosto da sua energia, seu sorriso e sua dança,

O teu cheiro se foi,

Só ficou na blusa a mancha,

E sua falta dói.

Quero sua felicidade,

Independente do que eu seria,

Enquanto não matamos a saudade,

Sorria.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 14/07/2024
Reeditado em 14/07/2024
Código do texto: T8106944
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