Maria do papelão

Às 4h da madrugada ela já está de pé

Liga o rádio e a TV, toma um ca(fé)!

Faz uma prece à Nossa Senhora

Sai ligeira pela rua à fora

Vai puxando seu amigo...

Um improvisado de rodas com abrigo

Onde vai entulhando todo o "lixo"

Morro acima, morro abaixo...

O peso, ela já nem sente...

A fome parece ser um entorpecente

Separa tudo com mãos ligeiras

Não se assusta mais com a sujeira

Vai selecionando por valores

Para entregar tudo a seus senhores

Que determinam preço de cada reciclável

Conquanto a singeleza dela é imutável

Traz na pele estigma da segregação

No peito esconde toda sua aflição

Segura, nunca se sentiu

Mas entende que o mundo lhe é hostil

E quando volta pra casa à tardinha

Sua gente já está muito faminta

Se lavam, e de mãos dadas fazem oração:

- " Obrigado, Deus, por mais um dia e pelo pão!"

Em um barraco improvisado

Dona Maria reparte também o seu bocado

Divide com os irmãos da necessidade

Porque seu coração é a mais pura bondade.

(Dedicado à dona Maria do papelão, minha amiga do coração)

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 11/07/2024
Código do texto: T8104447
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