As últimas palavras de um morto

Dedico:

Para os vermes que antes de devorarem meu corpo frio, devoraram a minha alma,

Deixo-lhes a oportunidade de conhecer-me melhor.

De serem intensos como sou,

De submergir das altas ondas, mar salgado, castigo para o paladar outrora adocicado.

Para os vermes que irão devorar-me por inteiro,

Deixo-lhes a potência da minha voz,

Que fala o que pensa, não dar ponto em nós.

Deixo a oportunidade de consumirem minhas córneas,

Para que vejam como vejo, cores vibrantes, movimentos e receios.

Deixe-lhes também a minha mente feita de carne, mas funcional.

Cheia de ideais,

Ações e predisposições para o ato.

Certamente o sabor será sem igual,

Ora porque cada indivíduo leva nas carnes o que aprende do mundo,

Ora porque das vivências se nutre e se sofistica.

Para os vermes que irão devorar-me por inteiro deixo minhas raízes imortais que,

Se construíram no silêncio

E se aprofundaram em solos nunca explorados.

Ivonoel cardoso
Enviado por Ivonoel cardoso em 05/07/2024
Reeditado em 05/07/2024
Código do texto: T8100384
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