UNIVERSO/POESIA

[Para MÁRIO QUINTANA,

compartilhando seu pensamento.]

A poesia é meu universo,

é onde me derramo

em versos, mesmo que reversos,

quando amo ou não amo,

em fartos risos quando estou contente,

em lágrimas sentidas se a tristeza

me abrange renitente.

Nela encontro os caminhos

que nunca se fecham

sempre abertos à vida,

sem atalhos, sem muros,

nunca becos escuros

muita vez sem saída.

Nela solto meus sonhos

em palavras, mensagens

claras ou cifradas,

ora feitas de imagens

que vou desenhando ou escrevendo

e nem sempre entendendo.

Pois que a vida interior retém sentimentos

muitas vezes opostos num só tempo,

que a poesia não rejeita,

acolhe e respeita.

Mesmo que eu fale besteira,

ela recebe inteira,

e a conserta com sua integridade,

mantendo comigo

verdadeira e fiel cumplicidade.

E assim vai guardando

fome, sede, saudade,

sucessos, dissabores,

defeitos, qualidades,

as virtudes e os pecados

que cometo aos bocados.

Acolhe conflitos interiores

nem sempre resolvidos,

e é quando se torna

o cofre-forte de meus amores.

Por isso, em verso ou prosa,

escrevo com verdade,

escancaro meu sonho,

me revelo, me exponho,

mesmo chamada por alguns insana,

entrego na poesia o coração.

Repito aqui, e assumo, o que disse Quintana:

“nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão”!

Sal
Enviado por Sal em 03/12/2005
Código do texto: T80478