A Mulher que ora

 

(Este poema foi originalmente publicado em 26 de maio de 2016, ora republicado com o valioso acréscimo da crônica "Nossa Senhora de Azambuja", assinado pela recantista Izabella Pavesi.)

 

A MULHER QUE ORA

Miguel Carqueija

 

 

Quando rezo não pretendo

apenas reivindicar:

oração, eu compreendo,

é mais pra Deus adorar!

 

No silêncio do meu quarto

ajoelhada no chão

de amor se sente farto

o meu pobre coração!

 

Meu Jesus, eu Vos adoro

e Vos imploro perdão:

por meus pecados eu choro,

estendei a Vossa mão!

 

Ó Virgem, tão grande amor

tendes pela humanidade:

por ela sofreste dor

pois tiveste a caridade

 

 

 

de ter Vosso Filho morto

naquele lenho da Cruz,

após a angústia do Horto,

deixaste morrer Jesus!

 

São José, tem piedade

pois sois nosso Pai também:

tão grande é tua bondade,

em Ti só existe o Bem!

 

Eu louvo a Deus com ternura

e imploro proteção:

a mim nesta vida dura,

e a todo e qualquer irmão!

 

Ó Deus, não abandonai

minha querida família:

guiai-nos todos, ó Pai,

suplica esta tua filha!

 

E peço por meu marido,

por minha mãe e meu pai;

por meu filho tão querido,

por todos nós, Deus, olhai!

 

Sustentai o nosso lar

mesmo em meio à tempestade;

vamos por Vós caminhar

sempre em busca da verdade!

 

 

Permiti que nós cheguemos

um dia ao divino Céu:

e em Vós nos aconcheguemos,

na Tua Visão sem véu!

 

Quando sozinha ajoelho

humilde e silenciosa

mesmo com dor no joelho

mesmo se triste e chorosa,

 

 

se em Deus assim eu me aninho

e oro contrita o Pai Nosso

sou um feliz passarinho,

meu Deus, em Ti tudo posso!

 

A oração tem poder

que a outro mundo nos leva,

meu Deus, a Vós quero ter,

Tua presença me enleva!

 

E mesmo fragilizada

penso naquela Mulher

e na serpente esmagada;

recordo a Rainha Ester,

 

e Judite e Madalena;

lembro Santa Teresinha

e rezando uma novena

já não me sinto sozinha

 

neste mundo tão hostil:

quem tem Deus no coração

já tem a força de mil

e não vive de ilusão!

 

Jesus, Maria e José,

que a minha família enfim

Vos honre com toda a Fé

e a Vós sempre diga sim!

 

 

24.3.2016

 

 

 

NOSSA SENHORA DE AZAMBUJA

Izabella Pavesi 

 

No dia 15 de agosto comemora-se a Assunção de Nossa Senhora aos céus, em todo mundo. E nesse dia também prestamos homenagem à Nossa Senhora de Azambuja, cujo santuário em Brusque é tomado por devotos. Fruto da religiosidade dos imigrantes que aportaram em Itajaí e Brusque no final do século XIX e que motivou a construção de inúmeras capelas e ermidas.

Uma imagem de Nossa Senhora de Caravaggio deu início a todo esse congraçamento, cuja fé foi o mola propulsora de um grupo de nove imigrantes italianos de Treviglio, saídos do Porto Le Havre (França), em 1875, e que chegaram em 1876 no Vale do Itajaí. Logo que se instalaram esses colonos levaram a ideia adiante, alicerçando inicialmente uma Ermida em louvor a “Madonna di Caravaggio”, na localidade de Azambuja, em Brusque. O imigrante Pietro Colzani doou um bom lote de terras, coordenou a construção da Gruta no local onde brotava uma fonte de água natural, trouxe a imagem que passou a ser adorada e a capela ficou pronta em 1884. Esse local era inicialmente chamado Caminho do Ribeirão, e aos poucos ficou conhecido como Azambuja, talvez em homenagem ao Conselheiro de Terras, Dr. Bernardo Augusto N. D’Azambuja.

A luta árdua, os desafios constantes, as intempéries e as mortes fizeram com que o povoado almejasse febrilmente tempos de paz, e o local tornou-se um Vale de Graças, um fecundo centro de peregrinação. Logo a capela ficou pequena para tantos romeiros.

O Padre Antonio Eising ao chegar em Brusque em 1892, iniciou nova construção e inaugurou o Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, mais conhecida como Nossa Senhora de Azambuja. Registros mostram que na festa de 1900 visitaram o local aproximadamente 2.000 fiéis.

A necessidade de cura e a ausência de hospitais na região de Brusque fez com que fosse criado o Hospital de Azambuja, ao lado do Catedral, em 29 de junho de 1902, referência entre os estabelecimentos de saúde de todo Vale, incluindo uma ala psiquiátrica. Quando uma pessoa adoecia gravemente era encaminhada para este local, e quando algum ser fosse diagnosticado pelos líderes do Distrito como doente mental, seu destino era a internação em Azambuja aos cuidados de bons médicos. Atualmente, denomina-se Hospital Cônsul Carlos Renaux.

Em 1º de setembro de 1905, a catedral foi elevada à dignidade de Santuário Episcopal após um crescente número de peregrinações ao local. Foi reconhecido como Santuário por Dom Duarte Leopoldo e Silva, bispo de Curitiba.

Este Vale de Graças continuou sendo o destino de muita gente devota de Nossa Senhora. Todos os anos uma multidão de fiéis se dirigem a esse Santuário na festa da Santa. O mundo cristão tem essa necessidade de granjear as boas graças, pois em todos os tempos as vicissitudes emperram a vida. E dolorosas perdas levam à depressão, à angústia, ao desespero, e por isso, nos alimentamos de esperança e de fé. E rogamos a Deus e a Nossa Senhora por bênçãos.

Tornou-se necessário ampliar a Catedral. No dia 08 de dezembro de 1939 foi lançada a pedra fundamental deste Santuário, edificada ao redor da igreja anterior. A atual majestosa edificação foi projeto do arquiteto Simão Gramlich, e compreende uma torre com 40 metros de altura, uma nave central de 45 metros de comprimento por 16 metros de largura. Ficou pronto (o santuário) em 1943. Mas, somente em 26 de maio de 1956 a consagração do Templo foi oficializada por Dom Joaquim Domingues de Oliveira.

O Santuário de Azambuja conta também com uma gruta subterrânea dedicada à Nossa Senhora de Lourdes, além do Morro do Rosário, que possui imagens dos quinze mistérios, confeccionadas de cimento em tamanho natural. Seu território é um verdadeiro complexo: possui um Seminário – Nossa Senhora de Lourdes - inaugurado em 1927, com o objetivo de formar os futuros sacerdotes - e que de fato, possibilitou o ingresso de muitos jovens com a vocação sacerdotal. E, um museu de arte sacra – Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, foi aberto ao público em 03 de agosto de 1960, e considerado, hoje, o maior museu de arte sacra do sul do Brasil.

Atualmente, a festa se realiza no terceiro domingo do mês de agosto, pois desde 1985 esta celebração foi retirada do calendário de feriados no Brasil. Atualmente, o Santuário acolhe cerca de 50 mil fiéis que vêm de todo país em peregrinação.

 

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Izabella Pavesi

 

P.S. texto publicado com ilustrações na Revista INSIEME (digital) de agosto.2020 em italiano e português.

 

IZABELLA PAVESI

Sou Izabel Pavesi. Nome literário: Izabella Pavesi (ítalo-brasileira).

"Procuro nos seres a essência. Busco a harmonia e a paixão nas coisas simples."

Minha ocupação: contista, romancista, historiadora, poetisa, pesquisadora do INGESC - Instituto de Genealogia de Santa Catarina, e, fotógrafa também.

 

Imagens: 1) gentilmente cedida por Kátia Marques. 2: Freepik.  3 e 4: Pixabay. 5) Canção Nova. 

Fotografia de Izabella Pavesi, gentilmente cedida por Izabella Pavesi.