CHEGADA AO SILÊNCIO

Eis que da terra brotou o Silêncio!

E, qual os ventos que cantam nos arrozais,

modificou o palco destas paragens.

Aqui, onde em cada açude,

estão meus ancestrais,

busco nas paisagens os lamentos,

as cantigas que os ventos

me trazem em duo co’s pardais.

Ah! Silêncio que brotaste do suor,

do trabalho de sol-à-sol,

das noites de lua, claro cenário,

de poemas épicos e cantigas de amor!

Aqui estou!

Em ti,várzeas, açudes e coxilha

são páginas escritas pelos que passaram.

Para ti, foram como o vento:

assim como vieram, foram-se.

Restaram marcas e nostalgias,

que os que passam, ao fim do dia,

contemplam no horizonte.

Assim como vim, vou.

Outros, um dia, contemplarão,

no Silêncio das tardes solitárias,

as marcas que deixarei.

Assim como vim, vou.

Como os ventos

que cantam nos arrozais.

18/01/1987