Roma

No desejo das palavras por dizer

que o silêncio guardou na voz de cada fonte,

Terra d'heróis que não nos cabem conceber,

trago de repente Roma no horizonte!

Tudo me grita outro tempo ao passar

por entre mudas estátuas que se erguem

a cada canto desta Roma singular

que meus olhos rasos d' água já não temem.

E vejo-me passar por entre a neblina

revejo-me nos olhos, nas vozes desta gente,

cruzo-me comigo nas ruas, a cada esquina

como se voltasse a um Passado 'inda Presente.

Como se meu túmulo fosse um túmulo de pedra

às portas de tantas Glórias aqui adormecidas;

passa a vida mas o sonho nunca medra

e voltamos ao ponto das despedidas.

Estou em Casa mas tenho saudade...

A distância faz-me perto por meu mal!

De regresso ... volto à minha cidade

mas sinto saudades de Roma em Portugal.

(Escrito na Igreja de Santa Maria in Trastevere

junto ao Palácio de S. Calixto em Roma)