Campa vazia

Numa campa triste e fria

há um corpo sepultado

que já não tem poesia

pela Morte naufragado.

É o corpo de um Poeta

já sem luz no seu olhar

e uma rosa que não seca

está na campa a soluçar.

Tão só, abandonado,

cheio de dor e solidão

naquela cova parado

está um pobre coração.

Até os versos que escreveu

não passaram d'um momento

mil instantes que perdeu

mal morreu o pensamento.

E até o epitáfio

já se foi da lousa branca

e o seu corpo tão frio

sem memória nem lembrança.

Pois viveu no lado errado,

passo a passo, dia a dia ...

Estará o Poeta sepultado

nesta campa triste e fria?!

Diz a voz daquela gente

que tal cova está vazia

porque uma estrela cadente

o levou da campa fria.

A Luiz de Camões.