Retrato espontâneo
Num gesto suspenso e cansado
alguém surgiu ao longe
caminhando passo a passo
solitário como um monge.
Era alguém! Bem sei que era!
Alguém sem nada que nada diz
passando livido como a cera
por entre os outros infeliz.
Trazia olhar de prata
olhos negros cor de fado
alguém que a morte não abraça
um poeta já cansado.
Quem seria tal figura
que o destino ali nos deu?!
Olhei com olhos de ternura
e afinal aquele era eu! ...