O Leque rendilhado da Infância

Recordo um tempo que passou

da minha infância tão longínqua!

Quando vivia acompanhado mas tão só ...

E alembro o olhar doce de meu Avô

sobre o rosto de minha Avó!

Mas minha Alma fica amargurada

ao sabe-lo morto, tão distante,

e minha Avó, ao vê-la, tão velhinha,

em ultima jornada!

Que lúgubres caminhos!

Que solidões ardentes!

Vendaval de lívidos horrores

onde nem as orações já salvam

os seus crentes!

Que triste sonho o meu!

Vejo-me sozinho!

Sem ninguém que me conforte!

Nas tristes ilusões do meu caminho

só já pressinto as lágrimas da morte!

Que triste sorte!!!

Os anos vão passando ...

E essa branca Senhora, serena, minha Avó,

que sempre vi atrás de mim chorando,

no decorrer da minha curta Vida,

vai a cada dia, a Deus, sua Alma entregando ...

Recordo o leque preto, rendilhado,

que nas suas alvas mãos, tão delicadas,

lhe refrescava o colo, na Igreja!

Com ele, tapava as lágrimas choradas,

nas longas Orações, rezadas, tão sentidas,

que fazia à Senhora da Orada ...

Era branca, minha Avó,

como as esculturas

dos mármores Cristãos!

E em suas pálidas mãos,

tinha o leque preto, rendilhado,

sempre refrescando o Coração ...

Ai aquele leque!

O leque preto da Avó!

O leque rendilhado da infância!

Que ao recordar

me deixa menos só!