Monsaraz da minha infância

Monsaraz da minha infância, clara estância,

céu azul, verdes campos, negra bruma,

no horizonte desse monte com distância

revejo minha Vida que se esfuma ...

Fica na memória! A Alma alcance-a,

guarde Monsaraz, branca como a espuma

na solidão do velho barco da infância,

porque a amo tanto, mais que mulher alguma!

Foi lá onde nasci, lá me irei a enterrar,

e se vivê-la é um imenso recordar,

recorda-la também é triste sofrer!

Aí Monsaraz dos olhos meus que trago nos sentidos,

devo-te quem sou, quem tenho sido,

da alvorada em que nasci ao meu triste anoitecer!