PARA CRUZ E SOUZA: o poeta assinalado a ferro

Nunca serás louco de loucura nenhuma;

Louca é a terra que te prende em desventura.

A algema que te prende é da pura alvura

Como a tua fina e caucasiana educação.

 

Cabe-te a razão: essa algema de tristezas,

Essa dorida e insuportável desventura,

Faz com que tua alma suplicante

Transborde em sonhos apoteóticos.

 

Tu és o maior poeta dessas terras

E povoa este mundo árido (puro pó)

Com as belezas vindas de tua alma triste.

 

Os teus espasmos alvos e desesperados

Cobram da miséria em que vivestes

O perdão para a tua imortal grandeza.

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CRUZ E SOUZA

 

O ASSINALADO

 

Tu és o louco da imortal loucura;

O louco da loucura mais suprema.

A terra é sempre a tua negra algema,

Prende-te nela a extrema desventura.

 

Mas essa mesma algema de amargura,

Mas essa mesma desventura extrema;

Faz que tu'alma suplicando gema

E rebente em estrelas de ternura.

 

Tu és o poeta, o grande assinalado;

Que povoas o mundo despovoado

De belezas eternas, pouco a pouco.

 

Na natureza prodigiosa e rica,

Toda a audácia dos nervos justifica,

Os teus espasmos imortais de louco.