LIANE
Eu sou vazio, você, velocidade.
Você é fogaréu, eu, cubos de gelo.
Sou pintura, você, dadaísta.
Sou artista, você, enciclopédia.
Sou advogado, você é médica.
Eu, romântico, já você...
Você é épica!
Sou paulista, você, poliglota.
Sou vagaroso, você, maratonista
(tartaruga e o coelho).
Sou semiótica, você, espelho.
Sou reflexão, você é ativista.
Você é muito, eu, só preguiça.
Você é cigarro, eu sou cinza.
Você, um ano mais velha,
com cara de menina.
Eu pareço reencarnação
de renascentista.
Não tem nada em você
que eu odeie tanto
para eu não te amar tudo.
Seu eu te acelerar,
nós voaremos por aí.
Serei sua cama de contenção.
Você, elevador, propulsão.
E nesse dualismo de comunhão,
Eu compreendi que quebramos
as paredes que nos insulavam
num raio de apenas trinta
quilômetros (antes)
ou numa camarinha
da mesma cidade.
Pra você, que é paixão,
eu serei eternidade.