A um poeta
Para Armando Gnisci
Há algo
De reconhecidamente meu
No verso que é teu:
O signo,
que me roubas sem pejo,
Devolvendo-me
Palavra e beijo;
Um desafio
da minha palavra
que se perpetua
na tua;
Uma ousadia
Que cruza o horizonte
Dos teus pensamentos,
Que não se enuncia
Mas cria
Moinhos de vento.
Do cruzamento
de nossos discursos,
nasce, mudamente,
lacuna e poesia,
que se quer
sempre eloqüente,
no derramar inconstante
do enunciado,
ou na brevidade
dos nossos silêncios