DE CATULO ME CHAMARAM

“À Conceição Oliveira”

De Catulo hoje me chamaram,

É um epíteto que não rejeito,

Mas prós versos qu´ o afamaram

Eu nunca tive nenhum jeito...

Tomara eu Catulo vir a ser –

Para lhe prestar devido preito.

Tal resiliência houvera de ter –

E, se algum jeito eu adquirisse,

Minha lira talvez enriquecesse!

- E diz o poeta (de gago nada tem)

Que lhe falta o jeito de Catulo (?)

Lhe direi eu, conte essa a quem

O quiser, porque eu não a engulo

Nem mesmo quero que fique fulo:

Arte poética, está visto que tem!

A Arte Poética é coisa séria

Que se não deve menosprezar;

Já basta o que vemos, em desnorte:

No versejar… autêntica miséria!

“Catulos”, há-os de esquina em esquina

Com arroubos de “literatura fina”

E com foros d´ auto-presunção:

Emitam a poética com recorte

Mas, porém, com Poesia não!

Um só Catulo houvera de haver,

Contra a vontade de muita gente –

Jorge de Sena teria que ser,

Pra isso, teve estro e teve mente.

Correu meio mundo, de ceca e meca,

Sem nunca ceder em desenganos:

Ninguém como ele, com tal estaleca

Arrostou quem lhe causou danos,

Fossem eles sicranos ou fulanos!

Se, de Catulo me chamaram,

Quero eu, porém, esclarecer:

Comecei, bem cedo, a escrever

E as circunstâncias me marcaram

Antes d´ algum Catulo alvorecer:

Numa vida que sempre me marcou,

Coisas más, boas ou assim-assim,

Foi esse o meu horto, o meu jardim

Com versos qu´ a alma arrecadou…

E Musas… eu nunca procurei

Antes, pelo contrário, segui sendas

E amplos horizontes vislumbrei

Criando a minha Lira sem adendas…

Eu senti e vivi minhas emoções

E ao bater à porta dos corações

Arrostei mil gestos e reprimendas.

Catulo (sim ou não?), previsível

No melhor. No pior, inadmissível!

Frassino Machado

In INSTÂNCIAS DE MIM

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 23/01/2023
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