Aos poetas
Quando os poetas se calam
Eu ouço os gritos do silêncio
Eu vejo a escuridão do caos
E pressinto a noite que se achega
À árida terra dos homens.
Quando os poetas silenciam
Formam-se as grandes lacunas,
Os espaços não preenchidos
De todas as paixões humanas
Sublimadas ao infinito
Nos rastros do cotidiano.
Quando os poetas se calam
No céu, as estrelas choram
E a lua solitária se lamenta.
O perfume da noite se esvai;
Não há mais ninguém
Para cantar o amor.