Cartas do tempo
Indefinido é o tempo
Tudo nele se perde frente a imensidão do espaço
O universo é apenas um detalhe
Sua vida vale bem mais quando o lar é seu regaço
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Almas cristalinas não se cansam
O externo se renova quando principiam criar
Transformar palavras em obras é um desafio
A história é perene quando na vida conjuga-se o verbo amar
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Além das montanhas posso navegar
Preocupação alguma perturba quando laboro com pureza
Sou forte, pois estou nas mãos de meu criador
Ele me faz rijo - graças Pai - seja feita a tua justeza
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Num salto tempo/espaço eu me divido
Parte minha mergulha no cerne de meu ser
Enquanto a outra vai no encontro ao Senhor
E assim a vida passa graciosamente a cada amanhecer
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Muito tempo atrás disseram que era feio chorar
Ouvi aos montes: "isso é coisa de marica"
Refugiado num canto escuro, arrazoava
Ele se foi, mas a dor é permanente a imagem que guardo é a que fica
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Foi-se o tempo, veio a compreensão, mas a dor permanece
Hoje percebo com clareza o quanto fez falta aquele ser
Nunca rezei como ensinam as igrejas
Diante de minha singeleza eu conversava com Deus, meu confidente, meu viver
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Manoel Claudio Vieira - 27/12/2022 - 01:50h