Ensinamentos de um “Velho” Sábio
Um dia você me disse que eu deveria mudar
Aprender a amar, a sentir as emoções que fluem naturalmente
Aprender que é dando que se recebe e que doar
É um gesto de amor e de solidariedade, é um presente
Uma oportunidade de resgate que recebemos dos Céus
Que é perdoando que se é perdoado
E que amando que se é amado
Você disse tantas coisas
Que até deixaram minha cabeça confusa
Eu, ainda jovem, não entendia muito o que dizia
Resolvi entrar de cabeça nessa paixão, nesse mundo de fantasia
Sem medir as consequências, fechei os olhos e sonhei dia a dia
Noite a noite, já não sabia mais quem eu era, talvez um poeta
Talvez um boêmio, um sonhador, um pobre latino, um cometa
Você disse ainda com ironia que eu era jovem e imaturo
Que não sabia quem eu era e muito menos onde estava
Perguntas e questões, interrogações, todas sem respostas
Mas você sabia tudo, deixava eu pensar no meu destino
E como seu neto, seu menino, lhe exaltava, queria ser igual a você
Queria ter o dom de compreender tudo a me envolver
Queria ser seu olhos, seus caminhos, queria ser orgulho para você
Mas você tão sábio, tão humilde, me pedia paciência, resignação e oração
Com voz de calmaria, ecoando sobre o clamor dos anjos, adentrando no peito
Sorria e me transmitia paz e sabedoria e dizia em versos de canção
Que tudo passa, nada permanecerá, tudo se transforma. Eu acredito!
Percebi que, com o tempo, tudo que fazia, era para mim uma obrigação
Suas lições despertaram em mim o desejo real, uma vontade de tocar o infinito
Aprendi que, às vezes, o coração que nos trai, nos faz superar até a razão!
Homenagem ao avô Antônio de Almeida (in memorian)
+ 06/09/1928 + 18/03/2006