Ao meu irmão
Rasgaram o teu casulo
Antes do momento da madureza
Te fizeram homem ainda menino
Aos doze anos o trabalho árduo
Substituiu teus lápis e cadernos
Precisava ajudar no sustento
Dos teus irmãos pequenos
A tua evolução foi pra fornalha
Aceleraram o amadurecimento
Menino se fez homem
Antes do exato momento
O peso do jugo tu suportou
Porém tua essência desarmonizou
Os sentimentos em conflito
A revolta nasceu em teu peito
E quando homem em ti surgiu, fugiu
Procurou as travessuras de menino
Atropelou os participantes
Retornou ao teu eu pequenino
Tua defesa foi a violência
Contra aqueles que te amavam
Teus irmãos, teus pais, filhos e esposa
Eles não suportaram
Difícil compreender sem viver
O que é uma infância abandonada
Precisava laborar, das brincadeiras se privar
Obrigado a se fazer homem-menino
Antes da etapa nascer
Pular o rio da juventude
Fazer o que dos outros era o dever
Para então na velhice entender
Que abandono é arma de ignorante
Na infância privado de brincar e aprender
Onde os sonhos costumam se perder
Levando muitos a enlouquecer.