O Milagre do Amor

Tu sabes o que é que o Amor faz?

Transforma o veneno em néctar

E as víboras em rosas,

Faz do deserto um jardim

E tira água dum rochedo,

Enxuga o leito do mar

E faz chover o maná,

Cura os corpos

E regenera as almas.

O Amor transforma

A tristeza em alegria,

A melancolia em entusiasmo,

A miséria em abundância,

A infelicidade em Felicidade.

Extrai do Nada o Tudo,

Dá Vida à Morte,

Vai do Zero ao Infinito,

Enche o Vazio de Plenitude.

Alimenta-nos,

ampara-nos,

protege-nos,

ajuda-nos,

guia-nos,

Ama-nos!

Tem confiança em nós,

Sabe como somos maravilhosos,

Conhece todo o nosso potencial oculto,

A nossa beleza interior,

A nossa identidade secreta.

Para o Amor cada um de nós é

um Anjo,

um Deus,

um Rei,

um Ser Humano.

O Amor vê-nos como somos

sabe como somos

e aceita-nos como somos.

Não nos impõe nada,

Não nos modifica à força,

Não atua contra a nossa vontade,

Nem nos transforma no que não queremos ser.

Deixa-nos crescer livremente,

Sem entraves, nem algemas ou cadeias,

E ensina-nos com mansidão, pacientemente,

Com a ternura da Mãe que guia o filho

Ou o carinho do Pai que o corrige.

Este Universo nasceu do Amor.

Quando nada existia, exceto o vazio imenso,

O Amor estava presente, mas sentia-se só.

Não tinha ninguém com quem brincar ou conversar;

Não existia nada que Ele pudesse amar,

A não ser a sua própria plenitude e existência.

Então, no seu coração germinou o desejo

De se multiplicar em muitos seres,

E o seu sonho realizou-se e o Universo nasceu,

Não sei se de repente ou devagarinho,

A pouco e pouco, lentamente,

E evoluiu até chegar a nós, aos nossos dias,

Hoje, este dia, esta hora,

Este mesmo instante, este momento,

Aqui e agora!

Por isso, nós somos os filhos diletos do Amor.

É Ele o nosso verdadeiro Senhor e único Criador.

E para quê todo este milagre?

Que finalidade em toda a Criação?

Que insondável motivo,

Que impenetrável mistério,

Que impensável razão

Para este vasto, maravilhoso Universo?

Para amar,

Para Amar,

Para AMAR!

Demasiado simples para acreditar?

Talvez.

Demasiado pueril para levar a sério?

É possível.

Demasiado ingénuo para ser verdade?

Há quem pense assim, admito,

Mas a minha alma não tem dúvidas,

E no meu coração não há

A mínima sombra de incerteza.

E, tal como eu, também todos aqueles

A quem o Amor se manifestou

O sabem e sentem e compreendem.

E o veneno já foi transformado em néctar

E as víboras em rosas

E o deserto num jardim

E a água brotou da rocha

E do orvalho nasceu pão,

Mas há ainda um milagre que falta realizar,

O mais importante de todos,

A coroação de todo esse processo criativo,

O toque final do Artista Supremo,

Este pequeno e grande feito

Que o Amor há de alcançar,

A realização última que impercetivelmente

estamos a aprender:

O Milagre de viver o Amor

no nosso coração

constantemente

e sempre...

Sª Mª Feira, 24-03-1988

Rui leprechaun
Enviado por Rui leprechaun em 23/11/2022
Reeditado em 23/11/2022
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