Hilza, de todos os Santos
Era o nome dela.
Fui criado nos retalhos
Das cortinas dos outros
Meus calções eram folhagens
Tapando as bobagens
Que a vergonha escondia
Brincava no quintal da casa
Correndo para todo lado
Feliz com a nova roupagem
Feita nos cortes sobrados
Dos estofados que nunca sentei
Lembro-me daquela cena tão linda
Mamãe sentada à frente da velha
Máquina Singer. Eu, ao seu lado
Pequenino ainda, brincando com os botões
Encapados, alguns coloridos, usados
Para adornar os tecidos, e ganhar à vida.
Filho de costureira com muito orgulho e amor
Destemida guerreira, criou oito filhos
Cinco nem eram dela. Seu poder de justiça
Não havia igual! Ajudava a todos que podia
Um Espírito de Luz tanto na terra como no céu.