Homenagem a Camões

Quem déra-me poder dizer

Desta fórma, sem restrições

Bem gozamos adormecer

Pois gostamos de Camões

A nós camas de solteiro

Servem apênas de poleiro

Dêem-nos espações

Pois gostamos de Camões

Deciframo-lo camada a camada

Transfórma-se o amante na cousa amada

Por virtude do muito imaginar

E nos arde o fogo sem queimar

Quem déra-me poder dizer

Tanto assim, sem restrições

Que bem cumpri o meu dever

De ter lido e relido o Camões

Méxe-se no caixão o bravo poeta

Pois o hábito herdado deste brasileiro

Que vãmente rende homenagens

Neste grosso tom bagaceiro

A um glorioso homem de letras

Que nunca li por inteiro

Por inteiro nunca li

Nem em parte li nada

Apenas homenageio aquele

Que não conheço as palavras

Urgentemênte mude-se isto

Costume que envergônha

Que corrija-se o mau hábito

Deste desgraçado tosco pamonha