Dia Incoerente (Elegia)
Em memória da jovem Juscilene.
Manhã de fim de ano,
de sol, brisa e céu azulzinho...
Aquele dia ficou desarmonioso...
É que a beleza daquela manhã
não condizia com o sangue de quinze anos
escorrendo desorientado no asfalto.
Aquele dia ficou incoerente,
como se todo o céu quisesse sorrir
e nós o ignorássemos.
Luto sob o sol com sua alegria avessa.
Cale-se, luz!
Cale-se, brisa!
Cale-se, todo o calor pulsante!
Vista-se de negra consternação!
O sangue de quinze anos
escorre desorientado naquele asfalto.