Seu Ary (Homenagem ao Prof. Ary Pinto das Neves, de saudosa memória

Era um tempo sem maldade,

De uma infância inocente.

Brincávamos à vontade,

Sem perigo iminente.

No final da nossa infância,

O curso de admissão

Para ingressar no Ginásio,

Escola de alto padrão.

Fomos, enfim, aprovados

Pra nova fase enfrentar;

Ficamos tão encantados

Com esse novo lugar.

Os professores que tínhamos

Eram pra nós como deuses.

Cada um deles que vinha

Mostrava um jeito só seu.

Um deles, o Seu Ary,

Competente historiador,

Respeitava o gari,

Assim como o vereador.

Das aulas expositivas,

Sempre na aula posterior

Havia uma oitiva

Que pra nós era terror.

Perto do dia da prova

Ficávamos apavorados,

Resultado que comprova

Se havíamos estudado.

Quando ia entregar as notas,

Na lousa desenhava um trem

Composto com vários vagões:

Não escapava ninguém.

No vagão Pullman, estavam

Os melhores resultados.

Esses alunos se aplicavam,

Eram todos invejados.

E vinha a classe primeira

Com as notas quase boas;

A segunda, dos passageiros

Médios, e seguia o comboio.

Depois dessas classes todas

Que não tinha mais vagão,

Folgados que não estudavam

Passavam por gozação.

Seu Ary não era bravo

E os classificava também,

Dizendo que eles estavam

Correndo atrás do trem!

Hoje digo a vocês

Que fomos privilegiados

Com escola de primeira

E mestres qualificados.

O bullying que ele fazia

A nós só trouxe o bem

Confesso, ninguém queria

Correr atrás daquele trem!

Cida Micossi
Enviado por Cida Micossi em 23/07/2022
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