Seu Ary (Homenagem ao Prof. Ary Pinto das Neves, de saudosa memória
Era um tempo sem maldade,
De uma infância inocente.
Brincávamos à vontade,
Sem perigo iminente.
No final da nossa infância,
O curso de admissão
Para ingressar no Ginásio,
Escola de alto padrão.
Fomos, enfim, aprovados
Pra nova fase enfrentar;
Ficamos tão encantados
Com esse novo lugar.
Os professores que tínhamos
Eram pra nós como deuses.
Cada um deles que vinha
Mostrava um jeito só seu.
Um deles, o Seu Ary,
Competente historiador,
Respeitava o gari,
Assim como o vereador.
Das aulas expositivas,
Sempre na aula posterior
Havia uma oitiva
Que pra nós era terror.
Perto do dia da prova
Ficávamos apavorados,
Resultado que comprova
Se havíamos estudado.
Quando ia entregar as notas,
Na lousa desenhava um trem
Composto com vários vagões:
Não escapava ninguém.
No vagão Pullman, estavam
Os melhores resultados.
Esses alunos se aplicavam,
Eram todos invejados.
E vinha a classe primeira
Com as notas quase boas;
A segunda, dos passageiros
Médios, e seguia o comboio.
Depois dessas classes todas
Que não tinha mais vagão,
Folgados que não estudavam
Passavam por gozação.
Seu Ary não era bravo
E os classificava também,
Dizendo que eles estavam
Correndo atrás do trem!
Hoje digo a vocês
Que fomos privilegiados
Com escola de primeira
E mestres qualificados.
O bullying que ele fazia
A nós só trouxe o bem
Confesso, ninguém queria
Correr atrás daquele trem!