A Lambretista
A bordo desta lambreta
circulo pela cidade
levada pela veneta,
curtindo minha pouca idade!
Sou boa na direção
rodando pelas vielas,
a moto é minha paixão
e agora é que são elas!
Pois tem homem que não gosta
de lambretista mulher,
no desastre até aposta,
mas eu faço o que eu quiser.
Não é só por diversão
que estou sempre a lambretar;
trabalho com devoção,
de moto vou trabalhar!
Eu cuido bem direitinho
desta minha condução,
limpo com muito carinho
e faço a manutenção!
E não pense que eu faço
barbeiragem na avenida,
não vacilo no pedaço,
cuido bem da minha vida...
Este transporte é bem ágil,
sobe bem pela ladeira,
não é pra garota frágil
mas eu sou aventureira!
Numa vespa vou brejeira
curtindo o ar no semblante,
na estrada vou ligeira,
sem medo sigo adiante...
Mas nunca irei abusar
da alta velocidade;
aos outros sei respeitar
na estrada ou na cidade!
Com uma flor nos cabelos,
no pé uma flor pintada,
fico muita alegre em vê-los,
vamos juntos pela estrada!
Se não estou trabalhando
assim mesmo uso lambreta,
e assim vou veraneando
pra onde der na veneta!
Guidão, amortecedor,
tem que ter manutenção:
pneu, assento e motor,
trate tudo com atenção!
E gosto da natureza,
no campo vou lambretando,
vivo em meio da beleza
e rodo cantarolando!
Eu piloto, e portanto
eu que levo o namorado;
e com ele é puro encanto
passear pra todo lado!
Tem que ter o pé seguro
e saber usar o freio;
desviar de poste e muro,
lambretar sem fazer feio...
Nós somos a simbiose
da máquina e da mulher;
combinamos por osmose
para o que der e vier!
(Rio de Janeiro, 14 e 15 de fevereiro de 2022)
A LAMBRETISTA
Marta Souza
Posa linda a lambretista
Com um sorriso cativante
Entre os lábios cor cereja
Olhos ternos, verdejantes.
Vestida para reconquistar
Traje a rigor, anos 60
Disposta a recomeçar.
Meio tímida, mas
Com anseios ardentes
Conta horas e minutos
Para o encontro delongado,
Vislumbra cada momento
Com o qual tanto sonhou.
Acelerando sua lambreta
Com o intuito de logo chegar
Mas parece um desatino
O sonho está fugindo,
Não consegue agarrar.
Já em sã consciência
Percebe estar atrasada
Deixou que o tempo passasse,
Minando de ambos os sonhos,
Que outras histórias começasse.
Inerte num lugar qualquer
As margens de um riacho
Grita e chora sua dor
O tempo levou quase tudo,
Só não - seu verdadeiro amor.
Marta Souza
Sou Marta Souza, uma goiana artista por vocação, gosto de dizer que Deus derramou sobre mim um saquinho cheinho de dons artísticos. Apaixonada pela natureza, retrato-a em forma de poesias, fotografias, pinturas, canto, bordados... Faço do meu ateliê meu cantinho particular de fazer arte. Mas nem sempre foi assim, depois de vinte anos longe das carteiras escolares, voltei, fiz EJA, logo me graduei em Arte Educação, outras graduações, algumas pós e mestrado, tudo com o intuito de realizar um sonho antigo, ser professora. Porém ser eu mesma ganhou a batalha, deixei a escola, e estou vivendo a liberdade de criar e expressar artisticamente falando.
A LAMBRETISTA
Cassia Caryne
Ela corre com o vento
Na sua lambreta cor-de-rosa,
Sendo boa música, o motor.
Adrenalina a torna poderosa.
Vai, garota, seu cabelo
Assanha qual coma de cometa.
Seu perfume deixa rastro na estrada,
Enciumado fica o rosmaninho silvestre.
Corre, corre, roda, roda…
O velocímetro acompanha o movimento.
Ela ama mais o caminho do que o destino.
Ela é o caminho e o vento.
Minibiografia:
Cassia Caryne de Castro Araujo, mineira de Lagoa da Prata, Psicóloga, servidora pública federal aposentada. Membro da ACADELP - Academia Lagopratense de Letras e AJEB - Associação dos Jornalistas e Escritores do Brasil. Dois livros publicados: "Sussurros da Alma: crônicas e poemas" e "Enlace de Letra e Cor". Atriz no curta metragem "Um Poema a Gael". Recantista, também do grupo BVIW.
Imagens pinterest.
Foto de Cassia Caryne gentilmente cedida por Cassia Caryne.
Foto de Marta Souza na lambreta, gentilmente cedida por Marta Souza.