De A.R.U para Ricardo Reis
És tu o cônscio Ícaro.
De emprestadas cera e asas sabedor;
Consciência e Razão.
—Do carro de Apolo nunca o limite ultrapassar de proximidade! —
O voo deleitas conhecendo que é uma queda a gravidade;
Sem ilusão de eternidade.
Tua calma, em queda, deseja este tolo,
Com cera um quinhão às costas, e asas perdidas;
Cairei.
Das asas nada a culpa,
Minha só a falta;
Não saber voar.
De Gaia ao meio
Adentrarei o seio sete palmos;
Destino.
Meias tecido
E luvas ter sido;
Tresloucado.
Negar o dever ser, cumprindo-o.
Ser o que se sonha, falhando.
Mais vale teu autoconhecimento e equilíbrio.
Mais vale tua resignação diante da morte.
Mais vale a temperança que ter esperanças.
Mais vale abandonar a impossível construção do Destino
E, como tu, otimizar o Fado.