De A.R.U para Ricardo Reis

És tu o cônscio Ícaro.

De emprestadas cera e asas sabedor;

Consciência e Razão.

—Do carro de Apolo nunca o limite ultrapassar de proximidade! —

O voo deleitas conhecendo que é uma queda a gravidade;

Sem ilusão de eternidade.

Tua calma, em queda, deseja este tolo,

Com cera um quinhão às costas, e asas perdidas;

Cairei.

Das asas nada a culpa,

Minha só a falta;

Não saber voar.

De Gaia ao meio

Adentrarei o seio sete palmos;

Destino.

Meias tecido

E luvas ter sido;

Tresloucado.

Negar o dever ser, cumprindo-o.

Ser o que se sonha, falhando.

Mais vale teu autoconhecimento e equilíbrio.

Mais vale tua resignação diante da morte.

Mais vale a temperança que ter esperanças.

Mais vale abandonar a impossível construção do Destino

E, como tu, otimizar o Fado.

David Ariru
Enviado por David Ariru em 14/01/2022
Código do texto: T7429321
Classificação de conteúdo: seguro