Luz Borges
A alguns apraz o prazer
Os gozados e os previstos
Os escritos, os antevistos
Tudo a fugir
Pela imemória
Pelo alívio
A mim apraz a dor que enraíza
Que a fulgir, permanece,
Pois cicatriza
A dor que fulgura na treva da carne
E quer chegar ao fundo do poço, do osso, do caroço...
Cintilar no fosso do ser
Do mistério
(E eis que o estalo da língua dói e faísca
E cada verso seu pisca.)
A mim apraz:
A dor que fere um clarão na noite.
A leitura é um ato que linda com o açoite.
(Quem escreve se livra
Quem lê se libra!)