As Mãos

As Mãos (102)

Mãos pequeninas, de criança,

Mãos, que se agitam no ar!

São mãos cheias, de esperança,

Mas que não sabem, controlar!

Mãos, muito macias, suaves,

Mãos que sabem, embalar.

Mãos como penas, de aves,

Mãos doces, que sabem aconchegar!

Mãos fortes, e calejadas,

Carregadas, o dia inteiro!

Mãos bem rijas, apertadas,

Mãos, de pulso certeiro!

Mãos que tacteiam, buscando,

São, de quem não tem visão!

Mãos que, sempre apalpando,

Mãos que sentem, aflição!

Mãos brancas, bem cuidadas,

Mãos flácidas, formosas!

Mãos, de unhas envernizadas,

Mãos, de senhora vaidosa!

Mãos que, seguram o arado,

Mãos rudes, calejadas de trabalho!

Mãos que se amparam, num cajado,

Mãos que, guardaram gado!

Mãos criminosas, que matam,

Mãos ansiosas, que esperam!

Mãos caridosas, que atam,

Mãos que nunca, desesperam!

Mãos que, acenam à partida,

Mão amiga, que nos ampara!

Quando estamos, mal na vida,

Mão rude, que nos separa,

Mãos rudes, e mãos delicadas,

Mãos que, trabalham sempre!

Mãos sempre, muito afastadas,

Mãos paradas, no eternamente!

Porque, as nossas mãos, preciosas,

São mãos, que apontam além!

São mãos, que escrevem airosas,

São mãos, que nos convém!

São mãos que, podem matar,

Mas também, escrevem decretos!

Também as mãos, podem curar,

Ordenanças, leis, e projectos!

J. Rodrigues 26/01/2007

Galeano
Enviado por Galeano em 14/11/2007
Código do texto: T737368
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