Maria voraz
Maria voraz, boca e grito
Margeia campeia atrevida Maria voraz
Dorme acorda deita-se se levanta
Voraz
Maria voraz
Do prato vazio
Da boca cheia
Do grito que ecoa
Das roupas no varal
Da máquina vazia
Das mãos vorazes
A maquina que rompe
Num ritmo voraz
Maria da pia, do chão, do lavabo
Sozinha em dia de dia e noite de noite
Sem parar
Maria voraz
Dos filhos que gritam se molham se sujam
De pratos feitos, vazios ou cheios
Migalhas do pão na mesa que jogam no chão
Do quarto bagunçado
Das roupas vadias
Maria voraz
Que pranteia a dor da lixeira
Do lixo da casa
Maria voraz
Amanhece e anoitece
Esperando a calmaria
Dos olhos fechados
Do suspiro e do regalo
Maria voraz...
Agora tudo calmo
Tudo limpo, repleto e vazio
Maria respira fundo
Mãos nas cadeiras
Tudo dolorido
Calmaria
Deitada de lado
Mãos no ventre
Algo se mexe e emociona
Maria voraz