Maria voraz

 

Maria voraz, boca e grito

Margeia campeia atrevida Maria voraz

Dorme acorda deita-se se levanta

Voraz

Maria voraz

Do prato vazio

Da boca cheia

Do grito que ecoa

Das roupas no varal

Da máquina vazia

Das mãos vorazes

A maquina que rompe

Num ritmo voraz

Maria da pia, do chão, do lavabo

Sozinha em dia de dia e noite de noite

Sem parar

Maria voraz

Dos filhos que gritam se molham se sujam

De pratos feitos, vazios ou cheios

Migalhas do pão na mesa que jogam no chão

Do quarto bagunçado

Das roupas vadias

Maria voraz

Que pranteia a dor da lixeira

Do lixo da casa

Maria voraz

Amanhece e anoitece

Esperando a calmaria

Dos olhos fechados

Do suspiro e do regalo

Maria voraz...

Agora tudo calmo

Tudo limpo, repleto e vazio

Maria respira fundo

Mãos nas cadeiras

Tudo dolorido

Calmaria

Deitada de lado

Mãos no ventre

Algo se mexe e emociona

Maria voraz

 

Emmanuel Almeida
Enviado por Emmanuel Almeida em 26/10/2021
Código do texto: T7372272
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