NÃO É APENAS O CANTOR
Belchior é a revolução, da revolução na canção.
É a própria natureza musical em seu enredo original, que corre sobre os trilhos
do agora no trem do amanhã.
É a necessidade viva da beleza quase morta na porta que não pode fechar,
para continuar o amor proposto na singularidade natural do que não é banal,
como uma pitada de sal no sabor quase sem flor dos dias.
Domínio do verbo que transforma o verso doído na música que liberta e
muda completamente o pensamento estático em palavras inquietas,
das letras que dançam, da poesia que salta e se espraia noutro lugar;
onde as ondas se deslocam, onde o ar é mais propício.
É a ausência do vício estéril, é o viço no verde da alma que cresce
notável e belo, quebrando o espelho com os olhos grandes que fatia a
honestidade, e rouba a decência que prescreveu a verdade se um dia viveu.
Belchior é um e se revela em mil, no país chamado Brasil, que atravessa
sua canção e se torna dono do seu chão na consciência que movimenta a
palavra em sua força inovadora.
Antítese da ferrugem que corrói os canos por onde passam as águas do rio de
nossa dor, e faz nascer uma nação, e ergue o novo na rota dos passos em
busca dos espaços que constrói a equação humana.
Belchior é o lençol colorido das mariposas abraçando os sonhos.