Para o poeta Ansilgus

Por mais que eu tente

Competir com teus versos

Não consigo

São nativos e fluentes

Vêm da mistura da gente

Do povo mascavo da tua terra

Faltam-me

O mel do açúcar, o sol quente

O tacho tinindo em brasa

Sobre o chão de massapê

Falta-me a palavra brava.

Poeta pernambucano, não te espantes

Mas corre, também, em mim, parte do sangue

Desta tua genética mesclada

E no teu versejar fico calada

A minha poesia, some acanhada.

No que escreves

De cana, couro e barro

Correm o que um dia foi lava

Dois rios são estradas, dão aporte

– Capibaribe e Beberibe –

Canais de poesia potente

Livre, miscigenada, valente

Nas heranças de leão do norte

No brincante da tua gente.

E me deu uma saudade de Suassuna, Quinteto Violado e da minha avó Siomara. Escrevi ao som do Quinteto Armorial, jóia da Música Popular Brasileira. Vai com afeto.

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 03/10/2021
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