Para o poeta Ansilgus
Por mais que eu tente
Competir com teus versos
Não consigo
São nativos e fluentes
Vêm da mistura da gente
Do povo mascavo da tua terra
Faltam-me
O mel do açúcar, o sol quente
O tacho tinindo em brasa
Sobre o chão de massapê
Falta-me a palavra brava.
Poeta pernambucano, não te espantes
Mas corre, também, em mim, parte do sangue
Desta tua genética mesclada
E no teu versejar fico calada
A minha poesia, some acanhada.
No que escreves
De cana, couro e barro
Correm o que um dia foi lava
Dois rios são estradas, dão aporte
– Capibaribe e Beberibe –
Canais de poesia potente
Livre, miscigenada, valente
Nas heranças de leão do norte
No brincante da tua gente.
E me deu uma saudade de Suassuna, Quinteto Violado e da minha avó Siomara. Escrevi ao som do Quinteto Armorial, jóia da Música Popular Brasileira. Vai com afeto.