A DANIELA QUE EU CHAMEI GARDENÁLIA
por Rogério Silvério, o Poeta das Sombras do Sul!
 
Leve e frágil: eis meu coração,
Isopor dentro do meu peito,
Enquanto escrevo estes versos...
Mas quebraram minha lira,
Agora uma criança forneceu-me outra!
A lira do riso!
 
Dizem que se chama Daniela,
Porém eu creio que ela se chama
Gardenália, a pequena flor de Copacabana.
 
Daniela filha de uma certa Marisa
Que sopra a dor das mentes
Que se perderam no Tempo e no Espaço.
 
Oh! Daniela vive conosco neste
Mundo estranho e esquecido de Deus.
Daniela na cova dos leões;
Seu jeito é de gata,
Mas a alma deve ser feroz como uma tigresa!
 
Daniela, a que eu chamo Gardenália,
Moça-menina de Copacabana,
Ela adorou as minhas palavras doidas
De borboleta e de vento Sul,
Soltas, loucas, nuas.
 
Gardenália fez-me rir,
Logo a mim, que sou um triste...
Eu sou um triste
Sob a máscara de uma alegria esfuziante!
 
É que quando estou mais alegre
É quando estou mais triste.
 
Gardenália fez-me rir de verdade
Neste mundo onde só encontro
Razões para chorar e chorar e chorar.
 
Gardenália, fazei-me rir de mim próprio!
Que eu quando rio de mim mesmo
Viro um rio que desagua num oceando de felicidade...
Que acaba logo, logo quando abro o jornal
E pressinto que este é o mundo da dor e da crucificação...entre lágrimas e lágrimas e lágrimas.
 
Como eu gosto de rir de mim mesmo,
Ainda mais quando estou triste
Como uma passarinho num galho de uma árvore
Ao anoitecer, trinando poemas sem jeito mas... Oh, Senhor Deus dos desgraçados, verdadeiros...
Verdadeiros como os risos da Gardenália!
 
Quando estou mais triste é quando
Estou rindo do destino dos Homens
Neste plano onde seus corpos
São gaiolas ambulantes de sonhos.
 
Gardenália, deves ser uma boa menina,
Voai comigo então nestas estrofes,
Tocai comigo as cordas da lira do meu sentimento
Que vacila na corda bamba da mágoa...
Mágoa de quê? De descobrir-me
Fantasticamente vivo num mundo
Onde só a morte liberta.
 
Cantai comigo, jovem Gardenália!
E soltai teu riso mais uma vez,
descei comigo no tobogã do riso
Álacre, pueril, mirífico!
Assim nos tornaremos amigos
Do jeito mais natural e puro! 
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(PS: Obrigada, Rogério, por essa bela homenagem a minha filha, Daniela. Recebido em nov/2007)