CARTA A LAMPIÃO
Mandei uma carta ao Sertão,
No Raso da Catarina,
Ao compadre Lampião:
Compadre tem boi no pasto,
Sua cerca não tem mourão.
Getúlio encurralado,
Deu ordem aos sete Estados,
Quer saber de onde vem
Suas armas e munição.
Agora é fogo cruzado,
Esteja o Senhor preparado,
Ele acaba de pedir a sua cabeça na mão,
Ou a farda do Aniceto e do João.
É hora de montar aquela encenação.
Vá para a Grota do Angico,
Lá é o lugar perfeito,
Temos que achar um jeito,
De sumir com o Senhor,
No meio da confusão.
O acordo está firmado
E já foi negociado,
Por cem contos de reis.
É uma fortuna doutor,
Mas eu digo pra o Senhor,
Que sua vida vale mais.
O Senhor sai de mansinho,
Vira lenda, vira História,
Ainda fica na memória,
No imaginário popular.
Fica Mito no Nordeste,
Terra do 'Cabra da Peste',
No cancioneiro do lugar.