Segunda sem Secundino
E já são dez anos, bem mais que dez dias, dez frases ou poesias.
Da tapera escondida em uma ladeira distinta
Bota o fogo na lareira para aquecer a quem se identifica
Da terra pronta do plantio e colheita aguerrida
Ao passo que se prende ao que enriquece
Tudo se esvai porque amadurece e logo apodrece
É o entorno da face mais oculta da existência
Em cada querência a flexão para subsistência
Converso com o que restou da minha memória
Uma década passada cria algumas cenas provisórias
Do breu do universo uma vela por acaso
Lampião irrefletido de um querosene escasso
Ainda assim surge uma luz que prolifera
Que percorre com ternura um mundo que o pariu
Da sanga rasa ao arroio fundo canta a capela
Tudo que um dia foi, agora, de praxe, partiu
No meu semblante se prontifica um soluço
Solto que percorre para as vias de fato o busto
Um nevoeiro chega e trepidam as árvores altas
O galpão imenso vira uma peculiaridade inata
És tua toda a glória semeada nas terras da Terra
És rua todo o percurso traçado de todas as esferas
Dez anos bem mais que dez poesias.
Alguns de meus prantos despencam nesse dia.