CAETÉ
CAETÉ
Aos moradores do Cemitério de Caeté
No silêncio do cemitério esquecido,
com suas lápides frias de mármore e pedra,
corroídas pelo tempo,
a sinfonia dos mortos se faz presente.
Caminho respeitosamente em silêncio,
maculando a paz de seus moradores,
almas que ali repousam esquecidas:
o violinista, a professora, o padre, o padeiro, o mineiro
das minas tantas vezes lavradas,
agora tão cansadas.
Ali conversam, tristemente lamentam
sobre o abandono a que foram relegados.
De suas covas me olham;
surpresos, na inaudível linguagem dos ausentes me indagam:
- Ó, curioso visitante do mundo dos vivos,
por que a privacidade nos rouba?
NELSON MARZULLO TANGERINI.
Do livro Rostos rotos.