Mãe santa e ...

O perfume
              das
                          vergamotas
                                         
Feitio de um poema, repletos
Que tem na bagagem, saudade boa
Doses doces de nostalgia
Que me vem com lirismo e alegria
Pão caseiro, bolinho de chuva e broa
De amor e carinho, completos
É o perfume nada discreto
Do cheirinho das vergamotas...
                                      
Nada em seu teor, tem dor e dá solidão
Mas, vem cheio do bucolismo dos santos dias
Com flores de mato e o canto da cotovia
Amizades, amores, carinhos
No resumo tênue da emoção
Numa vida verdadeira 
São as pencas alaranjdas
Do pé das vergamoteiras...

Doce infância, tempo bom
Montado cavalo nas costas
Nada sair pra longe e nem fugir do tom
Pois nosso sonho morava bem perto
Colhendo o graveto marrom
Amontoados, no fim da roça
Na volta, apanhar vergamotas
Afinal, eu...: Menino esperto!
                                              
Derrubando laranja verde do pé
Mão certeira, pedras jogadas
Cuidado molecada
Por pouco acertaram o zé!
"Tomem tento" rapaziada
E agora, quem vai querer?
Aparem então essas vergamotas!
                          
Na volta noitinha pra casa
Mãe santa quer explicação
Isso são horas cambada?
Deixa-me ver essas mãos
Nunca dava pra enganar
A baixinha era esperta
Se preparem para jantar
Se assentem pela cosinha 
Depois teremos uma conversinha
E nada de sair o cheiro bom...
Daquelas vergamotas docinhas!
                            
Pensam que não senti o cheiro?
E não me venham com essas lorotas
Ainda é mês de fevereiro
Faz mal e da dor de barriga
Deixa amadurecerem primeiro
A mãe já estava preocupada
Entenderam rapaziada...
Que estão verdes demais, as vergamotas?
                                 
Todos de banho tomados
Planejando tudo de novo
Mesmo com o xingão da mãe santa
Conversando sobre a aventura
...tempo bom..., bom demais ser criança
Advertidos e abençoados
No amor puro, reverberado
Bom mesmo se nunca acabasse
Como se o tempo nunca passasse
...esperando as laranjas maduras!