Devir...
Você se tornou esse silêncio;
sabe, ainda assim, te sinto,
penso-te!
Ainda que nasça o sol, já não amanheces.
Não me falas, tão pouco, me aborreces.
Em preces, nesta casa, agora te recordo.
Vazio ficou cada cômodo por tua falta.
Acordo, sinto-te, nem mais revolto.
Destino, porque nos faz assim tão pequeninos?
Outrora, tal como eu, brincavas, eras um menino!
Depois, você cresceu, se envelheceu.
Ficando a raiz, tornastes um país.
Num belo dia, já não mais o vi!
Desapareceu num fim de tarde...
Nem fizestes alarde, não dissestes nada.
Abristes a porta, calado, tomaste a tua estrada...
Ao chão ficaram as sementes desta nossa dor em saudades!
Simplesmente voastes, trocastes de roupa, mudastes de lar.
Olho a tua cama; ali fincada, calada, posta no mesmo lugar.
Dói tentar entender os porquês; porque sei, já não estais lá!
Entenda, não se oculta o vazio de uma amigável ausência.
No teu canto mudo, relembro agora a sua saudosa presença.
Para mais, todo excesso de silêncio, a mim, incomoda!
Visto que não se ocupa o vácuo com falsas aparências.
Quando esqueço, vejo-me a te procurar, a falar-te.
Contudo, sei que a alma é um ser do infinito...
Por isso penso, é lá que você há de estar!
Afinal, o que é a vida?
Seria uma essência, a chegada, depois, partida!...
Pode ser que seja isso mesmo, um eterno devir...
O que venha a ser o sentir?
___________________________
Autoria: ChicosBandRabiscando