FUI EU

Eu posso não saber cantar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso não saber tocar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso até desafinar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso até o violão largar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso fazer um monte de coisa...

- Que a música continuará me escolhendo.

Porque são recíprocas as notas lançadas ao ar,

E são sustenidas as visões, meio grau para enxergar,

Mil e uma soluções de arpejo, tudo num só olhar.

Repouse, mexa o corpo, mesmo que não saiba dançar.

Eu me caso com a música porque não importa o motivo...

A vida sempre arranja um jeito de me dar um empecilho,

E eu aqui, continuo são, sobrevivendo e inclusive vivo.

A música não está somente nas notas, está no ar que respiro.

E há algum tempo eu senti um tanto bom, que logo viria,

Era noite de repente, quando ouvi o som, era dia.

E eu no sofá sorria, sentia, ouvia com maestria,

O meu próprio toque nas cordas do instrumento violão,

E aos poucos, com alguma emoção, desenvolvi mais visão,

Para a música e a vida, sim. Para o mal sentimento, não.

Eu posso não saber sequer arpejar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso nem sequer bem memorizar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso nem sequer saber o som controlar...

- Mas a música me escolheu.

Eu posso nem mesmo poder solar...

- Mas a música me escolheu.

Há quem diga o contrário, e quem zombe sem pestanejar!

Mas a quem ela escolheu fui eu!