Areias do Tempo
As areias do tempo me trazem de volta
Ao passado que, de tão presente
Com sua força latente me agarra
Segura, não solta...
Me prende em sua garra
Encarcera-me a mente.
Os ventos me levam e me trazem
Sou como uma folha à deriva no ar
Por vezes sem ar para respirar
Mas que sabe que vai se encontrar
E o lugar do marcado encontro
Marca, desencanta… encanta
É onde ocorre a mágica, o encanto
Onde me furo com a agulha do tear
Mas não deixo de tecer
Pois eu sei… vou me curar
É bem certo: vai doer
Mas também cicatrizar.
E então vejo meus flagelos
Em versos densos, mas singelos
Dissiparem-se no vento
Transformando o feio em belo
E a ampulheta, por um momento
Corre, para, susta o tempo
E em efusiva alegria
Contemplo o raiar de um novo dia
E recebo o alento...
Texto inspirado na poesia "Ampulheta" de Ane Rose, presente em sua escrivaninha na página 5 da seção "Poesias".