Rede de Moinhos
Em espirais que não expiram
Me suspiram, me respiram
Segue o moinho girando
Em sua rede de moinhos
Tornando o não tornado em tornado
Que torna o caos em calmaria
Arranca as telhas do telhado
Entorna a água da bacia
Reciclando o ciclo não findado
Renovando as velhas águas
Banhadas em versos e mágoas
Refletindo meus reflexos
Em imagens com e sem nexo
Das algozes reminiscências
De côncavo e convexo
Penitências e reticências
Recordações do passado porvir
Que ainda não veio e se foi ligeiro
Qual animal arisco
Que vê o risco e não se arrisca
Voo, pois aprendi a voar
Mesmo que antes nem sabia andar
Já perdi as asas de cera
Nado sem nadadeira
Sou metade, mas também inteira
Perco-me em minhas idades
De mulher, moça e menina
E mesmo quando a Agrura
Põe-se como Oráculo
Na entrada da cidade
E contra mim vaticina
Erijo com pedras escolhidas
Um suntuoso tabernáculo
À minha felicidade
E bebo das fontes da vida...
Texto inspirado na poesia "Redemoinho" de Ane Rose, uma autora de brilhantismo ímpar. O texto está em sua escrivaninha na página 10 da seção "Poesias".