Rede de Moinhos

Em espirais que não expiram

Me suspiram, me respiram

Segue o moinho girando

Em sua rede de moinhos

Tornando o não tornado em tornado

Que torna o caos em calmaria

Arranca as telhas do telhado

Entorna a água da bacia

Reciclando o ciclo não findado

Renovando as velhas águas

Banhadas em versos e mágoas

Refletindo meus reflexos

Em imagens com e sem nexo

Das algozes reminiscências

De côncavo e convexo

Penitências e reticências

Recordações do passado porvir

Que ainda não veio e se foi ligeiro

Qual animal arisco

Que vê o risco e não se arrisca

Voo, pois aprendi a voar

Mesmo que antes nem sabia andar

Já perdi as asas de cera

Nado sem nadadeira

Sou metade, mas também inteira

Perco-me em minhas idades

De mulher, moça e menina

E mesmo quando a Agrura

Põe-se como Oráculo

Na entrada da cidade

E contra mim vaticina

Erijo com pedras escolhidas

Um suntuoso tabernáculo

À minha felicidade

E bebo das fontes da vida...

Texto inspirado na poesia "Redemoinho" de Ane Rose, uma autora de brilhantismo ímpar. O texto está em sua escrivaninha na página 10 da seção "Poesias".

Netokof
Enviado por Netokof em 22/01/2021
Reeditado em 27/01/2021
Código do texto: T7165944
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