Homenagem póstuma a Ricardo Boechat
1
Ninguém ensinou o canário a cantar/
"nem a Boechat a fazer jornalismo"¹./
Foi âncora e mestre na arte de informar/
sem ter o diploma do Academicismo*./
Na televisão e no radialismo,/
fez uma fantástica e múltipla carreira./
Foi um argentino* com a voz brasileira/
"que um 'voo' desviou em sinistra viagem..."./
Não vamos ter mais a sua reportagem/
no fone, no rádio nem televisão./
Se foi ou não foi um ateu* —, é irmão/
de Cristo e do Homem com arte e coragem.
¹ hipérbole poética.
* curiosidade sobre o Homenageado.
2
Na sua carreira, deu passos notáveis/
que não caberiam em livro de história,/
contando a sua vida em tons memoráveis/
do que ele fez muito "sem 'cantar vitória'"¹;/
numerosos prêmios que lhe deram glória,/
os atos, os traços e os feitos marcantes.../
Quem for ver de novo os seus flashes² brilhantes/
vai perder a conta das fotos e fatos;/
acontecimentos que são correlatos/
também estarão na sua biografia./
Não terminará sua apologia/
com nomes famosos e eternos contatos.
¹ sem vangloriar-se.
² mensagem importante; nota breve de um acontecimento.
3
Ricardo Boechat era um irreverente/
com o estilo marcado por seu bom humor;/
depois de fazer a crítica pertinente,/
"sabia a resposta do interlocutor..."*;/
sabia o que é um telespectador/
que gosta de ouvir o jornal comentado;/
foi comentarista referenciado;/
e para o jornal, escritor colunista./
Para o futebol, ele foi flamenguista/
que, embora gostasse mais do jornalismo,/
reuniu muito artista em prol do atletismo/
no Rio de Janeiro: alto da Boa Vista.
* hipérbole poética.
Notas:
1) O texto acima é um composto de poemetos, "in memoriam" do consagrado Jornalista em epígrafe.
2) Cada poemeto contém 3 quartetos com versos hendecassílabos (11 sílabas métricas) e rimas alternadas e intercaladas "abab - bccd - deed".
3) As diagonais facilitam separar os versos em espaço menor, embora não sejam recomendadas aqui.