Pobres coitados

Os poetas são inclinados ao exagero; desvairados, com cachos e tiques.

Tenho os visto por todos os lados, emaranhados em alucinações e em camadas de verniz de espedaçar de amor as lamparinas.

Bucólicas criaturas acanhadas de espírito;

amam em gestos finos, em preces, tecem lenços na lapela, cunham moedas de troca qual saltos de gafanhotos,

famintos,

o que lhes consome miseravelmente a luz do dia.

E se andam sozinhos,

ah, como sofrem!

Por Deus! como sofrem os poetas!

Se andam sozinhos

falam baixo os seus nomes,

pisam como se não fossem,

deixam falhos os bigodes do mundo.

Pobres criaturas! vaga-lumes inoculando estrelas.

Lamentosos, pedem que não os julguem.

Carrapichos, inclinados ao exagero, desvairados...