Saindo do beco escuro

Encontro-me em um beco escuro

Acima, no céu nublado, nenhum astro

ilumina a saída.

Ao redor,

paredes cinzas me encaram

como demônios espreitando pelas janelas.

O sussurro da brisa fria

cala minha alegria.

Ouço o som da minha lágrima,

escorrendo,

como um corpo que despenca

cortando o tempo até o chão.

O cheiro do fracasso

é o aroma da minha flor.

Imobilizado,

sufocado,

cegado pelo brilho que reluz

o ouro de troféus alheios.

Com a alma definhando

o corpo resiste ao fim.

Procura

força.

Sua risada ilumina,

espanta os demônios.

Os olhos te encontram

vens a mim, inocente.

Me pega pela mão

com o dom que recebeste:

ressuscitar

um pai moribundo.

Guias-me beco a fora,

de onde comecei.

Um novo ciclo

se inicia na vida

de quem encontra

a verdadeira essência do amor.

Renascido, agradeço

a dádiva recebida:

pai. Filho:

“não aguento mais te amar”!

Já não tem mais beco,

não há mais escuro.