UM GAIO CORONEL
“Ao Coronel Telo”
“Este velho papagaio
Que deixou de ser Leão”
Bate-se bem com o gaio
E não precisa de lição.
Ora aí está, ó coronel,
Você diz que não é poeta,
Co´ estes versos a granel
Ainda chega a ser cometa.
Eu, porém, gaio Frassino,
Nem que a tecla bata bem
E me faça dançar o pino,
Só farei uns dez aos cem.
Eu posso ser gaio, posso,
Mas sou de azul traçado
Quando canto, canto grosso
E vim do norte lançado.
Não sou verde, Deus me livre,
E vermelho, assim e assim,
Complexos, eu nunca tive
Nem pozinhos perlimpimpim.
O meu amigo é que s´ estica
Com versos de parcimónia
Até se serve do Benfica
Pra fingir a cerimónia.
Tudo fica no papel,
Tenho mesmo que dizer,
O meu gaio já é coronel
E o papagaio virá a ser…
Venha daí outro poema
Pois, assim, é que s´ lá chega,
Co´ este papagaio-diadema
A poesia se aconchega…
Poeta, nem velho, nem novo,
Todos sentem inspiração
O desleixo é qu´ é um estorvo
Que ele não empecilhe, não!
E, quanto a ser coronel,
O meu Gaio não quer guerra
Apenas gosta de ser fiel
Ao canto que ele encerra.
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA