UM GAIO CORONEL

“Ao Coronel Telo”

“Este velho papagaio

Que deixou de ser Leão”

Bate-se bem com o gaio

E não precisa de lição.

Ora aí está, ó coronel,

Você diz que não é poeta,

Co´ estes versos a granel

Ainda chega a ser cometa.

Eu, porém, gaio Frassino,

Nem que a tecla bata bem

E me faça dançar o pino,

Só farei uns dez aos cem.

Eu posso ser gaio, posso,

Mas sou de azul traçado

Quando canto, canto grosso

E vim do norte lançado.

Não sou verde, Deus me livre,

E vermelho, assim e assim,

Complexos, eu nunca tive

Nem pozinhos perlimpimpim.

O meu amigo é que s´ estica

Com versos de parcimónia

Até se serve do Benfica

Pra fingir a cerimónia.

Tudo fica no papel,

Tenho mesmo que dizer,

O meu gaio já é coronel

E o papagaio virá a ser…

Venha daí outro poema

Pois, assim, é que s´ lá chega,

Co´ este papagaio-diadema

A poesia se aconchega…

Poeta, nem velho, nem novo,

Todos sentem inspiração

O desleixo é qu´ é um estorvo

Que ele não empecilhe, não!

E, quanto a ser coronel,

O meu Gaio não quer guerra

Apenas gosta de ser fiel

Ao canto que ele encerra.

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 21/05/2020
Reeditado em 21/05/2020
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