VIVER...

Poderia ser um domingo comum,
Sem flash, sem cash, sem zoom.

Sem o perfume do floral,
O brilho aconchegante do sol outonal.

Um domingo banal de quarentena,
Desses que a alma se sente pequena.

Distante das possibilidades,
Cansada de ver tantas desigualdades.

Poderia ser um domingo qualquer,
Em que eu diga: - se entregue mulher.

Feche a janela, a cortina,
Seja uma refém da rotina.

Dos pensamentos de antanho,
Já que está tudo tão estranho.

Tamanho peso sobre a realidade,
Asas privadas de liberdade.

Poderia ser... mas, não é,
É um domingo que me faz romper em fé.

Permanecer em pé, sonhar...
Projetar-me na excelência do verbo amar.

E amar sem medida, com classe,
Ter com o amor, um encantado enlace.

Eternizar cada momento feliz,
Se a paisagem cinzelar, inventar o matiz.

Torná-la essencial, bonita,
Com a ousadia que a travessia necessita.

É um domingo repleto da divina essência,
Que me agracia com mais um ano de existência.

Sim, um domingo para agradecer,
“Compreender a marcha”, viver...

Estender o olhar resplandecente,
Fluir... “e ir tocando em frente”.
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Para Lurdinha