A Balconista

(Nota: este poema foi originalmente publicado em 22 de maio de 2015. Está sendo reeditado com o acréscimo da poesia "Labutar", de Marta Sirino.)


A BALCONISTA
Miguel Carqueija

Eu sou uma balconista
e vivo com muita honra:
ter emprego é uma conquista,
ser pobre não é desonra!

Minhas horas hoje são
repletas de atividade;
de dia estou no balcão
e à noite na faculdade.

E assim no meu dia-a-dia
vou tomando condução,
vou lutando todo dia
pra garantir o meu pão.

Graças a Deus a mãezinha
me apoia em todos os atos
pois ao chegar, coitadinha,
só quero tirar os sapatos!



Mas depois que eu me formar
tudo vai mudar, mãezinha:
você vai se aposentar
porque eu vou para a cozinha!

Meu trabalho é cansativo
já que atendo freguesia;
é um ramo muito ativo
sem nenhuma mordomia.

Mas a todos eu atendo
muito gentil e cortês:
e a todos eu entendo,
eu amo a todos vocês.

Não devo me enganar,
freguês tem sempre razão:
nem posso me estabanar,
prejudicar o patrão.

Eu ganho pouco, é verdade,
faz falta um bom ordenado;
e assim por necessidade
o orçamento é apertado.

Sem o apoio materno
acho que eu ia pirar:
seu coração é tão terno
que me faz até chorar.

Ela faz minha comida,
lava e passa o que eu visto;
quero ajudá-la na lida,
ela não quer, não insisto.

Pois eu chego tão cansada
que o meu corpo pede cama;
e eu me sinto atazanada
quando começa a semana!

Mas Deus vai nos ajudar
e eu termino a faculdade!
Nossa vida vai mudar,
Empenho a minha vontade!

Eu gosto da profissão
pelo que ela tem de útil:
trabalho com o coração,
não sou uma garota fútil!



Servir o meu semelhante,
atender uma avozinha,
sorrir a todo instante,
dando a compra à garotinha!

Falar com aquele freguês
que outra atendente não pensa,
que vem aqui mês a mês
isto é uma recompensa!

Conseguir ser popular
por ter o dom de sorrir:
é uma vida pra se amar
mesmo por muito exigir.

Queria que esta nação
desse um pouco mais valor
à profissão balconista:
damos nosso coração,
trabalhamos com ardor,
temos um pouco de artista!



LABUTAR

Marta Sirino




Sua vida não é fácil
Levanta pela madrugada.

Sai de casa bem depressa
Pois se sente bem guardada.

Pega o trem super lotado
Vai cochilando em pé.

Sua marmita está na bolsa
Na garrafa o café.

No seu coração tem sonhos
Em sua alma alegria.

Vive de realidade
E não de fantasias.

Não desiste das batalhas
Objetivos ela tem.

Não se lamenta da vida
Nem de tristeza e refém.

Muito jovem aprendeu
Que a vida é uma guerra.

Caminha com muito cuidado
Pois desconhece a terra.

Seu trabalho ela agradece
A Deus que lhe concedeu.

Tem no peito esperança
E aqui tudo venceu.






Nome: Marta Sirino
Idade: 45 anos
Estado: Rio de Janeiro
Profissão: Servidora pública do município do Rio de Janeiro.
Hobby: Amante apaixonada por escritos poéticos; devoradora de livros e compositora apaixonada de singelas linhas poéticas.



imagens 1 e 2, google; 3, pinterest; retrato de Marta Sirino gentilmente cedido por Marta Sirino.